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Meu filho é autista! E agora?

25/01/2017 22h10
25/01/2017 22h10
Meu filho é autista! E agora?
 O que é autismo? O que isso significa? Tem cura? O que fazer?  Como vai ser o futuro do nosso filho? Quais são os tratamentos? E se eu morrer? O que vai acontecer com ele? Esses são alguns dos questionamentos mais comuns feitos por pais e mães de crianças com TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) após o diagnóstico.

Em uma série de textos vou abordar essas questões na tentativa de levar informação e alento para pais e mães que “descobriram” o autismo recentemente na vida de seus filhos e consequentemente em suas próprias vidas. Algumas das questões serão respondidas com base nas experiências vividas por eles, que relataram como foi a fase pós-diagnóstico e quais as dificuldades e superações vividas ao longo de suas jornadas, já outras questões serão respondidas com base na literatura científica da área.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) (2014) o TEA é marcado por prejuízos na comunicação e interação social (Critério A) e por presença de padrões comportamentais, interesses, atividades restritas e repetitivas (Critério B). Sendo esses sintomas presentes desde o início da infância, prejudicando e limitando o funcionamento diário (Critérios C e D). O diagnóstico deve ser realizado através de múltiplas fontes de informação, incluindo observação direta da criança e entrevistas com pais e cuidadores.  O manual ainda acrescenta que dentre outras características estão a atenção compartilhada prejudicada, dificuldades para gesticular e comprometimento intelectual.

Dessa maneira, vemos que o transtorno é caracterizado pela ausência de repertórios comportamentais como déficits na comunicação e prejuízo no estabelecimento de interações sociais da criança com seu ambiente; como também pela presença de comportamentos motores repetitivos (estereotipias), como balançar as mãos e girar objetos e a repetição de sons sem intenção comunicativa ou a repetição de frases ou palavras descontextualizadas (ecolalia) e presença de padrões fixos como intolerância a mudança e apego excessivo a rotinas.

Schwartzman (2014) acrescenta que crianças com autismo podem apresentar ainda dificuldades para se colocar no lugar do outro e entender como a outra pessoa se sente em determinada situação, supor o que os outros estão pensando, ser capaz de prever o que vai ocorrer, não gostar de contato físico, andar na ponta dos pés, sentir aversão a barulhos, ter instabilidade de humor, alterações sensoriais, preferencia por brincadeiras relacionadas a empilhar ou enfileirar coisas, dificuldades na motricidade fina, dentre outros.

Sendo assim, são sobre essas características que a equipe multidisciplinar, que pode ser composta por psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, educador físico, pedagogo; dentre outros, vai agir na tentativa de ampliar o repertório comportamental e ensinar habilidades que facilitarão a aprendizagem, o desenvolvimento e a vida da criança em diferentes aspectos, tais como: imitar, seguir instruções, sentar, manter contato visual, brincar, manter o equilíbrio corporal, reconhecer objetos, tomar banho, usar o toalete, adquirir habilidades sociais e de comunicação, ler e escrever, por exemplo.

Por outro lado, a equipe vai agir também para minimização e substituição de comportamentos problemas, como birra, auto e hétero agressão; muito comuns em pessoas com TEA; por comportamentos adequados. Em alguns casos é necessário tratamento medicamentoso realizado por um psiquiatra ou neuropediatra.  

É importante salientar que pais, professores e profissionais da saúde devem estar atentos aos sinais de atraso no desenvolvimento da criança para identificá-los e buscar ajuda profissional especializada o quanto antes, pois mesmo que não haja diagnóstico fechado ainda, a estimulação terapêutica adequada pode e deve ser provida nesses casos.

Diante do exposto, fica evidente a importância da utilização no tratamento de procedimentos que possibilitem a minimização ou superação das dificuldades presentes no repertório de pessoas com autismo, pois, dessa maneira, pode-se contribuir para o ensino de habilidades e comportamentos importantes ao bom desenvolvimento dessas pessoas enquanto seres humanos.

Até o momento abordei as características presentes no TEA. Em nossos próximos encontros falarei acerca das possíveis origens do transtorno e das abordagens terapêuticas eficazes e validadas cientificamente empregadas no tratamento dele. Além disso, abordarei também algumas questões no tocante as angústias, preocupações, conflitos, medos e desejos de pais e mães de crianças com TEA e quais os caminhos traçados por eles na tentativa de proporcionar um melhor desenvolvimento e uma maior qualidade de vida a seus filhos. Até lá!  

REFERÊNCIAS

Khoury, Lais Pereira, et al. Manejo comportamental de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo em condição de inclusão escolar: guia de orientação a pais e professores. São Paulo. Memnon, 2014.

 Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais DSM-5. American Psychiatric Association. Tradução: Maria Inês Correa Nascimento, et al. Revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli, et. Al. Porto Alegre, 2014. 

Jacinto Neto
Psicólogo Clínico Comportamental
CRP 15 3274

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