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A Bíblia e a vida como ela é!

Por Sergio Nicácio 23/01/2017 15h03
Por Sergio Nicácio 23/01/2017 15h03
A Bíblia e a vida como ela é!
Foto: Divulgação
Olá amigos, graça, paz e bem da parte de Jesus Cristo de Nazaré.

É com prazer que começamos nosso primeiro encontro do ano. Agradeço a Deus por mais um ano que se inicia e pela sua misericórdia e amor para com todos nós. Que seja um ano de muitas bênçãos espirituais em nossas vidas. Que o Espírito santo de Deus nos dê força para vencermos todos os obstáculos presentes e vindouros. Essa é minha oração por nós, amém.

O tema que Deus colocou em meu coração foi: A Bíblia e a vida como ela é! Usaremos como ponto de partida para nossa reflexão uma passagem que se encontra no evangelho segundo São Mateus, Capítulo 16, versículos de 24 a 25:

"Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me; pois aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á”.

Resolvi falar sobre esse tema porque tenho percebido que no meio cristão, principalmente evangélico, nossos irmãos estão enganados sobre a realidade da vida com Cristo. Muitos de nós acham que por sermos cristãos, temos a garantia de ter uma vida tranquila e sem problemas ou infortúnios cotidianos, afinal, alguns líderes religiosos ensinam que se somos de Deus, praga alguma chegará em nossa tenda, e que mil cairão a nossa direita e dez mil a nossa esquerda, mas NÓS, não seremos atingidos. A praga pode chegar à casa do vizinho da direita, a tempestade pode se levantar na casa do vizinho da esquerda, mas na nossa não, pois estamos protegidos de todos os males. “Ledo engano”! Esse tipo de ensinamento em nada colabora para o reino de Deus, ao contrário, faz com que muitos acabem se desviando da fé por não estarem preparados para enfrentar as tribulações que lhes afligem, pois se tem uma coisa certa é que mais cedo ou mais tarde, todos nós passaremos por tribulações em nossas vidas. Por isso que Jesus nos manda construir as nossas casas espirituais na rocha, que é Ele.

A Bíblia diz que Deus faz raiar o sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos (Mt 5:45), por que seria diferente em relação as tempestades da vida? Na vida real, podemos observar que a mesma doença que acomete o ímpio, acomete o crente, que tempestade que assola o vizinho, também assola o cristão, que se o filho do ímpio é rebelde, o filho do crente também pode ser. Afinal, todos pecaram e destituídos estamos da glória de Deus (Rm 3:23).

No entanto, o sistema religioso nos condiciona a pensar da seguinte forma: se somos de Deus, nada pode nos atingir, basta sermos fiéis, darmos o dízimo e pronto, Deus nos livra de todos os males. Nesse raciocínio equivocado é que se chega a seguinte premissa: se algo está errado em nossas vidas, se estamos desempregados, ou doentes, ou se nossos filhos são rebeldes, é porque estamos em pecado. Relação de causa e efeito. Todavia, na vida real, o que se percebe não é isso, pois vemos constantemente pessoas que têm uma vida dedicada a obra do Senhor, mas as coisas não vão nada bem para elas, ao contrário, as coisas estão péssimas. Quantos de nós, cristãos, não estão desempregados, passando por necessidades nesse momento, quantos não tiveram perdas familiares trágicas, quantos não estão sendo mortos pelo amor ao evangelho?

Se fosse verdade a afirmação de que quem é de Deus está livre de qualquer mal, como se explicaria a vida de Jó, a vida do apóstolo Paulo e a vida de Jesus e seus discípulos?
Se pegarmos o livro de Jó para lermos, vamos observar que a bíblia começa relatando que ele era um homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal. Mas, nem por isso, Deus o poupou do sofrimento, pois sua biografia relata que ele perdeu seus dez filhos e todo patrimônio que possuía, sem falar que fora acometido de todo tipo de doença em seu corpo, a ponto de sua mulher olhar para ele e dizer: “amaldiçoa teu Deus e morre”. Como se não bastasse tudo isso, seus “amigos” foram visitá-lo e, em vez de levarem uma palavra de conforto, já chegaram acusando-o de estar em grave pecado contra Deus. Isso porque eles haviam aprendido, no sistema religioso legalista, que se alguém estava naquela situação só poderia ser porque estava em pecado. Todavia, quando lemos a história de Jó por completo, percebemos que ele sofreu tudo aquilo não porque estava em pecado, mas porque era fiel a Deus e por isso, Deus permitiu que o inimigo fizesse tudo aquilo com ele. Jó tinha plena consciência de que aquilo que estava acontecendo com ele não era fruto de seus pecados, não sabia ele dizer o porquê de estar passando por aquilo tudo, mas sabia que a culpa daquilo não era dele. Por isso, no final ele disse: “Eis que minha testemunha está no céu, e nas alturas, meu testemunho está”. (Ler o livro de Jó).

Ao Observarmos a vida do apóstolo Paulo, percebemos que durante seu ministério ele foi açoitado por cinco vezes, naufragou por quatro vezes, passou por vários perigos, passou fome e sede, e por diversas vezes foi preso. Diz as escrituras sagradas que quando ele chegava às cidades para falar do evangelho e para combater as práticas pecaminosas,
principalmente da idolatria e da imoralidade sexual, era preso e açoitado. (2 Cor 11: 22-33). Por isso, que no final de sua vida, dentro de uma cela de prisão ele pronuncia as seguintes palavras: “Quanto a mim, já estou sendo derramado como libação, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”. (2Tm 4:6-7).
A vida de Jesus e de seus discípulos não foi diferente disso. Jesus desde o ventre de sua mãe, Maria, sofreu com as injustiças desse mundo, no dia de seu nascimento, ninguém quis lhe dar abrigo. No decorrer de seu ministério aqui na terra, foi perseguido e crucificado. Os discípulos também sofreram perseguições e foram mortos de forma cruel.

Para finalizar, gosto muito da passagem que se encontra no evangelho segundo São Marcos, a qual nos relata que já sendo tarde da noite, Jesus olha para os discípulos e diz: “passemos para a outra margem do mar”. Todavia, no meio da travessia se levantou uma grande tempestade e o barco quase afundou, mas Jesus acalmou a tempestade e tudo se fez bonança (Mc 4: 35-41). Contei essa história, não para mostrar o poder que Deus tem de acalmar a tempestade, pois isso nós já sabemos. Minha intenção aqui é mostrar para os irmãos que, às vezes, o próprio Deus nos leva para o perigo para que a gente tenha uma experiência de fé com Ele, para nos dar uma chacoalhada e nos mostrar na prática como ainda somos tímidos na fé, como temos medo daquilo que foge ao nosso controle.

É com base nesse medo que temos do sobrenatural que o sistema religioso cresce e aprisiona as pessoas, pois se valem do medo para laçar as pessoas e deixá-las vulneráveis a todo tipo de doutrina. Para ilustrar o que estou falando, basta observar a maioria dos programas evangélicos que passam na televisão, observem se os líderes desses programas não trabalham em cima do medo das pessoas. Eles dizem os seguinte clichês: “Se você não for fiel a Deus, com seus dízimos, Ele vai mandar gafanhotos gigantes para sua casa” ou “Se a sua vida está uma desgraça é porque você está em maldição, portanto, compareça aqui na reunião no dia tal, no local tal, que nós vamos quebrar essa maldição”. Tudo isso é feito, com o intuito de que as pessoas permaneçam amedrontadas e não conheçam a liberdade que há em Jesus Cristo.

Não se iludam irmãos, as igrejas estão prometendo riquezas para essa vida, mas Jesus nos promete uma pérola preciosa para toda a eternidade, a saber, seu reino. Quem quiser salvar a sua vida aqui, vai perdê-la no reino vindouro, mas quem abrir mão dessa vida aqui, vai ganhar a vida eterna. Amém. Fiquem com Deus, até o próximo encontro, se Deus assim nos permitir. Um grande abraço.

“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jo 8:32).