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Quem não se comunica se trumbica!

22/05/2014 19h07
22/05/2014 19h07
Quem não se comunica se trumbica!
 “Entra nessa loja e pergunta pra mim qual o preço dessa roupa.”

“Faz o meu pedido ao garçom.”

“Eu faço o trabalho e você apresenta.”

“Ainda bem que inventaram internet, conversar por aqui ficou bem mais fácil.”

 

Enquanto lia as frases acima você recordou alguns momentos da sua própria vida? Talvez você tenha lembrado das vezes em que deixou de apresentar trabalhos na escola ou na faculdade por sentir vergonha de falar em público, de quando perdeu um emprego por ficar muito nervoso durante a entrevista ou de quando deixou de conhecer uma pessoa especial por não ter coragem de se aproximar dela e etc. Você já parou para pensar sobre isso? Afinal, sua timidez é um problema?

Há quem diga que os tímidos tem seu charme. Tudo bem que ser tímido tem lá suas vantagens, mas será que elas compensam os prejuízos? Em um mundo onde a comunicação é uma ferramenta de primeira necessidade, a falta dela pode acarretar muitos danos a vida dos indivíduos. Aquele temor em apresentar um trabalho na escola, que antes parecia ser algo tão irrelevante, pode crescer e tornar-se um empecilho para a realização de inúmeras atividades profissionais. A dificuldade em aproximar-se das pessoas e aquele alívio em paquerar apenas pela internet, evitando o contato pessoalmente, pode impedir a vivência de relações amorosas e de amizade sólidas, resultando em solidão, ou ainda quando não impedidas, estas podem se configurar como relações que tem como principal característica a submissão e a consequente baixa autoestima.

A qualidade das nossas relações interpessoais e a forma como nos sentimos diante delas é fator preponderante para responder a questão levantada no início desse texto. A timidez é considerada um problema quando ela traz prejuízos para a nossa vida, ou seja, quando deixamos de realizar atividades diárias em função do medo/vergonha que essa situação nos provoca. É nesse momento em que é preciso uma avaliação acerca do grau dessa timidez, se ela é de cunho patológico ou não.

Em termos patológicos, temos um transtorno de ansiedade denominado fobia social, caracterizado pelo DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4º Ed) como o medo acentuado e persistente de uma ou mais situações sociais ou de desempenho, nas quais o indivíduo é exposto a pessoas estranhas ou ao possível escrutínio por terceiros. O indivíduo teme agir de um modo (ou mostrar sintomas de ansiedade) que lhe seja humilhante e vergonhoso. 

Muitas vezes, procurando justificativas para ser tímido, as pessoas respondem que já nasceram dessa forma, que sempre foram assim e a partir disso não visualizam uma forma de mudar seu comportamento e adquirir novas habilidades. Até porque, diante da aversão à determinadas situações, o indivíduo tende a adotar postura de fuga e de esquiva, visto que no repertório comportamental destas é mais fácil fugir ou se esquivar da situação do que enfrentá-la.

É importante saber, primeiramente, que comportamentos são aprendidos ao longo das experiências vividas e da mesma forma podem ser mantidos ou modificados. Ou seja, ninguém está condenado a ser tímido por toda sua vida. Habilidades sociais como: saber se apresentar, saber se expressar, elogiar, falar em público, se comunicar bem, saber dizer não, fazer solicitações, defender seus direitos, paquerar, fazer amizades, entre outros, são comportamentos que podem ser aprendidos através de um bom treinamento de habilidades sociais realizado por psicólogos comportamentais.

Adquirindo repertório comportamental para lidar adequadamente em diversas situações, certamente sua vida se tornará mais fácil. Afinal, como já dizia nosso querido Chacrinha, “quem não se comunica se trumbica”.

     

Por Renata Lopes Santos
CRP 15/3296
Psicóloga Clínica Comportamental




Além da Caixa

O Além da Caixa é um espaço para a discussão dos mais diversificados temas sob a ótica da psicologia do comportamento. De maneira direta e com uma linguagem clara falaremos ao público em geral, mas sem destoar dos princípios da Psicologia Científica.
Seus responsáveis são os psicólogos comportamentais Cinthia Ferreira CRP 15/3287, Jacinto Neto CRP 15/3274, Jackelline Lima CRP 15/3275 e Renata Lopes CRP 15/3296, graduados em Psicologia pela Universidade Federal de Alagoas e pós graduação em Análise do Comportamento.
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