Téo Vilela ainda não decidiu se irá apoiar Biu ou Renan Filho

Por redação com extra 25/07/2014 08h08
Por redação com extra 25/07/2014 08h08
Téo Vilela ainda não decidiu se irá apoiar Biu ou Renan Filho
Foto: extra
O cenário eleitoral parece estar apertado demais para o deputado federal Renan Filho (PMDB) e o senador Benedito de Lira (PP).

Ambos disputam o Governo, ambos estão em colocações muito próximas nas pesquisas internas das legendas, ambos tentam mostrar que estão em lados diferentes apesar de uma ponte ligando os dois lados: o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), cada vez mais silencioso e tocando o dia a dia da administração como se não estivesse em ano eleitoral.

Reação maior do chefe do Executivo só veio esta semana, mais como um recado ao senador Fernando Collor (PTB), ao ver que a Gazeta de Alagoas publicava manchete sobre a dívida de R$ 440,8 milhões em obras e serviços no Governo.

Em verdade, a manchete da Gazeta repercutia matéria do jornal Folha de São Paulo, que realizou levantamento em todo o país.

Constatou que os estados, em restos a pagar, deviam R$ 30 bilhões. “O Estado de Alagoas não deve um centavo a seu ninguém. Não deve a fornecedor, nem a servidor público, isso é um mero instrumento de escritura a que o jornal se apegou para colocar que o governo de Alagoas está devendo. Nunca deveu no meu governo”, disse Vilela. Era um recado a Collor, que segue na campanha à reeleição.
 
Palanques

A reação de Vilela mostra o nervosismo dos palanques. O investimento do Governo para o nome do procurador Eduardo Tavares (PSDB) mostra a disposição de que tanto Renan Filho quanto Biu de Lira dão como favas contadas o segundo turno. Mas, Tavares precisa captar o chamado voto de opinião para levar Biu para a próxima etapa da votação, dar o passaporte da vitória e fazer subir ao Senado o suplente dele, Givago Tenório, amigo de Vilela e sócio do vice-governador José Thomáz Nonô (DEM), além de eleger o sobrinho do governador, Pedro Vilela, à Câmara Federal- objetivo número um de Teotonio. E este voto ideológico é cada vez mais raro e não somente pela escolaridade ou grau econômico.

Pelos dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), 28% dos eleitores alagoanos não sabem ler nem escrever. Para os comitês, é um mercado farto para a compra de votos. No bairro do Canaã, o voto custa R$ 200. A renhida disputa tanto ao Governo quanto nas proporcionais inflacionou a negociação. Por causa da concorrência, o valor pode cair até o próximo mês. Por isso, acima da compra de votos, há a ideia do “novo”.

Tavares e o candidato ao Senado, Omar Coêlho de Mello, da coligação de Biu de Lira, investem neste tema. É uma forma de fisgar o eleitorado, sem abandonar os padrinhos das candidaturas. O procurador de Justiça tenta colar sua imagem a obras federais, carimbadas pelo PT de Dilma Rousseff, usando menos o candidato a Presidência dos tucanos, o senador Aécio Neves.

O Canal do Sertão está nesta lista.Omar Coêlho vai de Biu mas não vai rasgar o próprio engajamento na campanha à reeleição de Vilela, em 2010. Ao contrário, antes, ele terá de combater a onda de boataria do seu próprio comitê de campanha. Como foi escolhido ao Senado quase de última hora, antes de começar a campanha caiu na cama, com uma forte virose.

Daí vieram as notícias- que ele diz serem falsas. Omar e Biu tiveram uma conversa, ele pediu apoio logístico na campanha e recebeu a negativa. O ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas (OAB/A), ameaçou desistir. Avisou que vai estar amanhã no lançamento oficial do senador na disputa ao Governo.

Se o fogo amigo tenta queimar alguns integrantes das falanges liristas, o outro lado do front quer atingir Biu, através do filho, o deputado federal Arthur Lira (PP). A eleição dele é, também, uma forma de garantir a vaga de Arthur no próximo ano à Câmara Federal. Esta semana, a coligação de Renan Filho entrou, no TRE, com pedido de impugnação da candidatura de Arthur. O parlamentar foi condenado em processo que corre em segredo de Justiça, referente à Operação Taturana. Deve devolver R$ 182.830,22 aos cofres públicos, incluindo a perda de função pública e suspensão dos direitos políticos por 10 anos.

Segundo a impugnação, teria perdido prazo para recorrer de recurso.“Os fatos que dão lastro à Impugnação de Registro em tela são sólidos e comprovados, servindo legítima e legalmente para a análise, interpretação e julgamento por parte do egrégio Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL), dotado de soberana competência para aferir situações de inelegibilidade previstas na Lei da Ficha-Limpa”, disse, em nota, a coligação de Renan Filho.“Em síntese, afirma a impugnação que Arthur Lira teria um prazo de 30 dias para apelar, iniciado, segundo ela, em 11.06.2013 e encerrado em 10.07.2013, portanto. O erro trilhado não poderia ser mais primário.

É estranho que um advogado que represente uma Coligação demonstre tão primário desconhecimento sobre contagem de prazos. Isso porque, até os que não formados em direito têm conhecimento que em razão do recesso forense no mês de junho, existe a suspensão dos prazos processuais em todo o Estado”, responde, também em nota, o advogado Fábio Ferrário, que defende Arthur.

O problema da impugnação- que ainda depende de apreciação do TRE- não atinge apenas o filho do senador. E ele responde a processos na Justiça que passam por lavagem de dinheiro e chegam à Lei Maria da Penha (é acusado de agredir a ex-esposa).

O fantasma assombra, também, o ex-governador Divaldo Suruagy, o delegado aposentado da Polícia Federal, José Pinto de Luna, e o deputado estadual João Henrique Caldas (SDD).

Um dia antes da publicação da lista dos “impugnáveis”, Pinto de Luna conversou com o EXTRA. Candidato a deputado estadual, o delegado carrega o mérito de ter estourado a Operação Taturana- seis dias após sentar na cadeira de superintendente da PF, em dezembro de 2007, um trabalho de investigação do delegado Jandelyer Gomes (hoje no Piauí).

Filiado ao PT, recebeu uma rasteira do próprio partido em 2010, quando a legenda fechou acordo para apoiar o hoje presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), que disputava a reeleição.Na campanha a deputado estadual, evita caminhar sozinho pelo Agreste. “Tem muita gente que carrega raiva por investigações nossas feitas por lá”, disse, referindo-se à época quando ainda era superintendente da PF.

“A mosca azul do poder não me mordeu. E levo adiante uma campanha franciscana. Vou fazer campanha nos sinais de trânsito, nas ruas, nos mercados, pedindo os votos. Esse é o nosso estilo”, afirmou.Um dia após a entrevista, a noticia do TRE: a entrada do pedido de impugnação por ausência de prestação de contas nas eleições passadas.“As minhas contas foram julgadas procedentes e, no próprio sistema do TRE existe o Acórdão, mas o tribunal não deu baixa”, disse Pinto de Luna. O cenário eleitoral está em ebulição em Alagoas. E a temperatura é mais alta no tapete vermelho do TRE.