Adolescente morta e torturada na praia era agredida e ameaçada pela ex-namorada

Por Já é Notícia 27/06/2019 07h07 - Atualizado em 27/06/2019 10h10
Por Já é Notícia 27/06/2019 07h07 Atualizado em 27/06/2019 10h10
Adolescente morta e torturada na praia era agredida e ameaçada pela ex-namorada
Foto: Reprodução/ WhatsApp
O corpo da adolescente que foi brutalmente assassinada na praia de Maria Farinha, em Paulista, Região Metropolitana do Recife, na manhã de ontem, está sendo velado no Cemitério de Santo Amaro, no Centro do Recife, nesta quarta-feira (26). A mãe da vítima passou mal durante o reconhecimento do corpo da filha, no Instituto de Medicina Legal (IML). Durante a manhã de hoje ela permaneceu em uma cadeira de rodas por não ter condições de andar, já que estava bastante abalada.

Sem querer gravar entrevista, ela apenas lamentou o que aconteceu dizendo que a filha foi vítima de uma crueldade. A família estava acompanhada do conselheiro tutelar Tales Peter, que já havia sido chamado pela mãe da garota após uma mudança de comportamento. "No ano passado nos procuraram porque ela não estava atendendo mais, saia e chegava tarde, passava um mês fora de casa. E por temer que pudesse acontecer algo com ela, a gente conversou, orientou e encaminhou para tratamento psicológico devido à situação que estava", comentou Peter. Apesar da orientação, ela resistiu a realizar tratamento com o psicólogo.

Segundo o conselheiro, a mãe não comentou sobre o relacionamento que ela mantinha com a garota, se queixando apenas do mal comportamento da filha. "A gente não tinha esse entendimento. Não sabíamos do relacionamento homoafetivo. Agora a Secretaria de Assistência Social está à disposição da família para a auxílio funeral e uma equipe do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), também vai dar suporte", afirmou.

A adolescente já vinha sofrendo ameaças da ex-namorada. De acordo com o pai da vítima, que teve a identidade preservada, a filha demonstrava medo de se aproximar da adolescente após o término do namoro. A jovem morava com o pai, no bairro do Cordeiro, mas se mudou para o bairro dos Coelhos, inclusive fazendo a transferência da escola para não conviver com a suspeita. Durante o relacionamento, a adolescente chegou a fugir de casa por 20 dias e foi encontrada pelo pai.

"Precisei recorrer à DPCA para poder localizá-la e consegui, graças a Deus. Percebi que havia pressão e agressão psicológicas da acusala em cima dela. Minha filha era uma pessoa inteligente, educada, estudiosa, porém não estava preparada para a maldade do mundo e foi disso que a outra se aproveitou", disse o pai da vítima.

As duas garotas se conheceram na Escola Municipal Vila Santa Luzia, no bairro do Cordeiro, e namoraram por cerca de dois anos. Após o término do namoro e ainda sofrendo ameaças e violência física e psicológica, a jovem foi transferida para a Escola Municipal Reitor João Alfredo, localizada na Ilha do Leite, quando passou a morar com a mãe. O pai dela relata que há um mês ela não ia visitá-lo por medo de encontrar com a ex-namorada.

"As duas são pessoas totalmente opostas. A ex dela já tem histórico de uso de drogras, agressão e assalto. Eu não permitia o relacionamento das duas. Não pelo fato de ser minha filha namorando com outra menina. Se fosse outra pessoa de bem não teria problema nenhum pelo fato do caráter da pessoa", conta o pai.

Após o término de namoro com a suspeita, a adolescente começou a namorar com um jovem de 23 anos, há cerca de um mês. A última vez que eles se encontraram foi na terça, antes de a vítima seguir para a escola. A jovem estava usando o celular do namorado, que está com a polícia para passar por perícia. "Ela passou no meu trabalho antes de ir para a escola, eu deu R$ 11 a ela para o lanche, e uma corrente que eu tinha no pescoço. Ela disse 'meu amor, te amo', eu respondei 'também te amo, vida'. Às 9h liguei, mas ela não atendeu. Eu tentei falar com ela durante toda a tarde, mas não consegui e fiquei preocupado", conta.

De acordo com o namorado da jovem, ela já havia sido agredida pela suspeita enquanto namoravam. "Ela tinha medo da menina porque batia nela com faca. Ela tinha várias cicatrizes na perna deixadas pela ex enquanto elas namoravam", disse. Quando o namorado foi procurar a mãe da garota, ficou sabendo da divulgação do vídeo. "Foi uma barbaridade, uma crueldade o que fizeram com ela. Ela não merecia isso. Era uma pessoa boa, alegre e tinha sonhos", disse.