Criança nasce no meio do asfalto, após acidente em Goiânia

Por Diário de Pernambuco 06/02/2014 11h11
Por Diário de Pernambuco 06/02/2014 11h11
Criança nasce no meio do asfalto, após acidente em Goiânia
Internada no pronto-socorro de um hospital de Goiânia com duas fraturas, Isabela não corre risco de - Foto: Diário de Pernambuco
Grávida de oito meses e a caminho da última consulta pré-natal, Antônia Dulcimar Batista foi atropelada com o marido, Vladimir Lopes Oliveira, no Bairro Goiá, região noroeste de Goiânia. O casal, que estava em uma moto, havia parado no semáforo, bem perto do Centro de Atendimento Integral à Saúde (Cais), quando um caminhão o atingiu, na manhã de terça-feira (4/2). Antônia morreu na hora. Vladimir chegou a ser socorrido com vida, mas não resistiu aos ferimentos. Em meio à tragédia no asfalto, um choro chamou a atenção de quem assistia estarrecido a mais um episódio de violência no trânsito. Isabela nasceu com 50 centímetros e 2,5kg.

Embora o bebê tenha sido expulso da barriga da mãe, que se abriu com o impacto da roda do caminhão sobre o corpo de Antonia, o estado de saúde dele é bom. “A menina está no pronto-socorro, tomando mamadeira. Teve uma fratura na perna direita e na clavícula. Mas fizemos ultrassom da cabecinha, do abdômen. Cardiologistas e neurologistas já a avaliaram e podemos dizer que, caso não haja nenhuma surpresa, ela vai se recuperar logo, sem nenhuma sequela”, contou Ivan Isaac, pediatra e diretor técnico do Hospital Materno Infantil. Segundo ele, o clima na unidade de saúde é de festa em torno da menina nascida em condições tão improváveis. “Diria que é um caso excepcional, não apenas no Materno Infantil, mas no Brasil.”

O acidente aconteceu na Avenida Santa Maria. Atrás da moto em que estava o casal, parou um caminhão, no semáforo. Um segundo caminhão, em alta velocidade, não conseguiu frear a tempo e bateu na traseira do primeiro veículo, que passou por cima da moto. As pessoas que estavam no local foram fundamentais para o resgate da criança. O bebê foi retirado de baixo do caminhão e colocado sobre um protetor de sol, usado em parabrisas de carros, até a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “Foi um anjo que apareceu nessa hora porque, se não fossem esses primeiros-socorros, a criança teria morrido”, disse o pediatra Isaac. Isabela segue internada sem previsão de alta, apesar do bom estado de saúde.

O serigrafista Vladimir Lopes Oliveira, pai de Isabela, estava vivo quando a ambulância chegou. Confuso, agitado, com politraumatismo e uma forte hemorragia, ele chegou a ser levado para o hospital, mas, devido a uma parada cardiorrespiratória, morreu na mesa de cirurgia. A roda do caminhão passou sobre o abdômen de Vladimir. A autópsia feita no Instituto Médico Legal (IML) verificou que praticamente todos os órgãos dele foram esmagados.