Bichos-de-pé atacam moradores da favela Sururu de Capote, em Maceió

Por Redação com Gazetaweb 20/01/2017 09h09 - Atualizado em 20/01/2017 12h12
Por Redação com Gazetaweb 20/01/2017 09h09 Atualizado em 20/01/2017 12h12
Bichos-de-pé atacam moradores da favela Sururu de Capote, em Maceió
Foto: Reprodução/ TNH1
Já não basta ter que conviver com a falta de saneamento básico no dia a dia, além da estrutura inadequada nos locais onde residem, os moradores da favela Sururu de Capote, às margens da Lagoa Mundaú, no bairro do Vergel do Lago, em Maceió, estão praticamente sendo devorados por bichos. Dezenas deles apresentam ferimentos graves nos pés ao ponto de deixá-los prostrados em cima da cama. As crianças da comunidade são as mais frágeis e sofrem com o problema. Até ontem, não havia um diagnóstico preciso, causando muita aflição aos doentes.

É somente andar um pouco pela localidade que os próprios habitantes indicam os vizinhos enfermos. Em alguns barracos, a família inteira foi atacada, levantando-se a suspeita de que se trata de algo contagioso. Acredita-se, porém, que se trata do bicho-de-pé, que encontrou cenário adequado na favela para se alastrar.

Integrantes do Instituto Servir, uma organização não governamental que atua no Vergel do Lago, descobriram o problema e fizeram questão de pedir ajuda nas redes sociais. Uma campanha foi iniciada para mobilizar profissionais de saúde e com a finalidade de arrecadar remédios e materiais para curativo. Em pouco tempo, voluntários se sensibilizaram com a situação, principalmente quando viram fotos dos pés dos doentes sendo deteriorados pela infecção.

Após sofrimento de quase dois meses, quatro filhos de Cristiane da Silva, de 28 anos, foram levados somente ontem a um atendimento de urgência. As crianças de 2, 4, 8 e 10 anos de idade estavam quase sem conseguir se locomover dentro do barraco de tanta dor que sentiam nos pés, provocada pelas feridas abertas. A própria mãe também foi vítima e luta para tratar dos filhos e dela mesma com remédio caseiro, à base de babosa, iodo e álcool, produzido por uma das voluntárias da ONG.

“Eu melhorei bastante desde que comecei a usar este remédio nos meus pés, mas meus filhos não conseguiram e tiveram que ser levados para a UPA [Unidade de Pronto Atendimento]. Eles estavam sem conseguir andar já, com os pés tudo aberto dos bichos ‘comendo tudo’”, conta Cristiane. Ela diz que as crianças pioraram a situação porque não suportam a retirada das larvas que se alojam na região das unhas e na parte de baixo dos membros inferiores.

A mãe relata que todos os filhos dela já foram infectados com este mal e diz acreditar que a doença se alastra devido à falta de higiene na favela. No mesmo barraco, um idoso lamentava a situação. “Dói muito e me impede de andar direito”, confirma o Seu Zé, como é conhecido, exibindo os pés sujos e cheio de feridas abertas. Ele disse que ainda não teve uma consulta com um médico para avaliar o quadro e que não usava medicação para amenizar o sofrimento e buscar a cura.