Casal suspeito de matar motorista do Uber queria carro para desmanche

Por G1 26/09/2016 10h10 - Atualizado em 26/09/2016 13h01
Por G1 26/09/2016 10h10 Atualizado em 26/09/2016 13h01
Casal suspeito de matar motorista do Uber queria carro para desmanche
Foto: Reprodução/Facebook
O casal suspeito de matar o motorista do Uber Osvaldo Modolo Filho, de 52 anos, queria roubar o carro para vender as peças a desmanches. Segundo Carlos César Rodrigues, delegado do 95º Distrito Policial, em Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo, o crime foi premeditado e o alvo era o veículo.

Um homem de 19 anos, e uma mulher de 18 anos foram presos nesse sábado (24) enquanto participavam de uma festa infantil.

"A intenção era se apropriar do veículo para vender para desmanches. Já tinham praticado um roubo da mesma natureza, felizmente sem a mesma letalidade, que nós vamos investigar em outro procedimento. Eles tinham essa intenção de se apropriarem do veículo principalmente", afirmou.

Osvaldo Modolo Filho foi morto com um tiro no rosto, outro na mão e facadas pelo corpo. Por conta da morte, colegas de Osvaldo fizeram um ato, nessa sexta-feira (23), na Zona Oeste de São Paulo.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informa que, "após 48 horas ininterruptas de investigação, o crime que vitimou o motorista do Uber Osvaldo Luís Modolo Filho foi esclarecido. Os dois acusados confessaram o crime e foram presos na noite deste sábado (24), durante uma festa no bairro Ipiranga."

O delegado afirma que os suspeitos admitiram que estavam portando as facas de cozinha encontradas no porta-malas do veículo, e disseram que a arma foi usada, inicialmente, para ameaçar o motorista. Ele teria sido golpeado pela mulher após reagir ao assalto.

"No entanto, a vítima teria esboçado uma reação, e culminou em uma luta dentro do veículo e que o motorista, trabalhador, o homem de bem, saiu perdendo."

Ainda de acordo com Rodrigues, a polícia conseguiu localizar o casal pelas informações presentes no celular da vítima. Para ao solicitar a corrida, a dupla informou como destino o endereço de um vizinho.

"O telefone celular da vítima foi apreendido no dia, com ele, não foi subtraído. Nós acessamos as informações e vimos que ele recebeu a chamada, o local de embarque e o destino. Esse imóvel foi alvo de investigação, só que para a nossa surpresa, era o imóvel do vizinho", explicou.

Em nota, o Uber confirmou a morte do motorista, disse que "nossos sentimentos de mais profundo pesar vão para a família de Osvaldo" e adicionou que "vai colaborar com as autoridades nas investigações para levar quem cometeu este crime à Justiça". A empresa afirmou ainda que é a primeira morte de um parceiro registrada no Brasil.

Segundo Boletim de Ocorrência, Osvaldo morreu por volta das 22h, na Rua Antônio de Lotufo, no Sacomã. Testemunhas relataram à polícia que um veículo de cor prata chegou ao local, dirigido por um suspeito que baleou o motorista, jogou seu corpo para fora do veículo e fugiu. Na fuga, o suspeito bateu o carro em uma árvore e no portão de uma residência, seguindo a pé.

O delegado disse que a Uber auxiliou no trabalho da polícia, mas forneceu poucas informações sobre os passageiros. "Foi um trabalho de inteligência, desenvolvido pela equipe do 95º DP, a partir do local de embarque dos passageiros do Uber, e informações, que não foram muitas, porque a própria empresa não dispunha informações."

Corrida paga em dinheiro

Para colegas do motorista, Osvaldo foi morto durante uma corrida paga em dinheiro, que gera menos registros no sistema do aplicativo. Desde 29 de julho, o Uber passou a oferecer a modalidade de serviço.

"O sistema não avisa quando o passageiro vai pagar em dinheiro, não tem cadastro do passageiro e, desde que esse novo sistema começou a aumentar, isso tem gerado muito assalto e agora uma morte", afirmou Jorge Ruo, amigo da vítima e também motorista do aplicativo. Questionado sobre o assunto, o Uber não respondeu ao G1 até a última atualização desta reportagem.

Sumiço


De acordo com Ruo, ele e outros taxistas mantinham contato frequente com Osvaldo por meio de um grupo no Whatsapp. Nesta quinta, eles estranharam quando o motorista deixou de se comunicar subitamente.

"As últimas mensagens que ele mandou foram às 19h [de quarta], dizendo que estava no Aeroporto de Guarulhos, e às 21h, falando que estava ocupado com uma corrida", disse Ruo. "Quando foi meia-noite, a esposa dele me ligou falando que ele foi baleado. Foi um choque", adicionou.

"Os policiais o encontraram com vida, gravemente ferido, e levaram ao Hospital de Heliópolis. Ele foi jogado do carro", relatou a também motorista do Uber e colega de Osvaldo, Flávia Crema. "Mais tarde, a esposa dele me ligou e disse que ele havia morrido", adicionou Ruo. Ainda segundo os colegas, o veículo da vítima foi encontrado na manhã desta sexta na região de Heliópolis.

Foi Ruo quem convidou Osvaldo a começar a dirigir Uber. "Somos amigos há mais de quatro anos. Ele trabalhou em empresa até perder o emprego, aí acabou vindo para o Uber. Pegou firme desde março", explicou.