Programa de Distribuição de Alevinos beneficia 1.360 famílias

Por via Agência Alagoas 12/10/2015 10h10
Por via Agência Alagoas 12/10/2015 10h10
Programa de Distribuição de Alevinos beneficia 1.360 famílias
A distribuição de alevinos é feita mediante solicitação encaminhada à Secretaria da Agricultura. - Foto: Denis Calheiros
Em setembro, o Programa de distribuição de Alevinos executado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura (Seagri) completou seis meses de reativação.

Paralisado em 2014, o programa foi retomado em abril deste ano e já beneficiou 1.360 famílias carentes em 40 municípios alagoanos com a doação de 790.450 alevinos de tilápia, tambaqui e curimatã.

A ação, que conta com a parceria da Companhia dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), serve de incentivo à aquicultura em barragens e açudes públicos comunitários, refletindo no aumento da produção pesqueira do Estado.

Além das barragens e açudes públicos, a Seagri mantém 17 módulos de tanques-rede distribuídos por todas as regiões do estado, atendendo a 20 famílias cada um.
 

Após sua estruturação, esses tanques-rede passaram a ser geridos por associações comunitárias cuja direção foi capacitada para administrar seu funcionamento e para manejar o pescado. Periodicamente, esses módulos são abastecidos com alevinos pela Superintendência de Aquicultura da Seagri.

Entre os municípios de Coruripe e Penedo, os 68 tanques-rede instalados no povoado de Palmeira Alta mudaram a vida da família da dona Maria Nadir dos Santos, que trabalha no módulo com a filha, Jailma dos Santos.
 

“Trabalhei na roça a minha vida inteira. Mas, há sete anos, minha vida são os peixes. Vendemos a tilápia na feira e para os trabalhadores da usina Coruripe, e isso tem valido a pena”, conta dona Nadir.

Jailma dos Santos lembra que, com a paralisação do programa, muitas famílias ligadas à Associação dos Piscicultores de Palmeira Alta (Bio Tilápia), que administra o módulo, acabaram se afastando.

“Hoje, apenas quatro famílias cuidam dos tanques. Mas estamos nos reerguendo”, diz a aquicultora. Do módulo, são retirados cerca de 300 quilos de peixe por semana, o que representa uma renda de R$ 3 mil nesse período.


“Com esse dinheiro, nós compramos a ração, pagamos as despesas do módulo e deixamos 30% em caixa. Os outros 70% são rateados entre as famílias que trabalham aqui”, explica.

Outro módulo de aquicultura da Seagri fica no Povoado Cachoeira, município de Teotônio Vilela. Lá, o desenvolvimento da comunidade a partir da instalação dos 38 tanques-rede incentivou a Prefeitura de Teotônio Vilela a construir no local um posto de saúde e uma escola de ensino fundamental.

“A nossa realidade é outra. Aqui não existia nada. Hoje temos médico e professor”, comemora a agricultora Jeane Alves Ferreira, que, ao lado do marido Jurandir Ferreira da Silva, conduz há dois anos a Associação de Agropecuaristas e Aquicultores do Povoado Cachoeira (Agripesca).
 

Com a comercialização da tilápia que cresce nos tanques-rede, a entidade conseguiu desenvolver uma horta hidropônica bem estruturada, além do plantio de frutas, pimenta e tubérculos e um pequeno centro de avicultura familiar.

“O que nós queremos é crescer, produzindo de tudo um pouco. Com o peixe, os doces e o molho de pimenta que produzimos aqui, tiramos o dinheiro para a ração e estamos buscando orientação sobre a criação de aves. Temos que correr atrás se quisermos atingir nossos objetivos. Não podemos nos contentar com o que nos foi dado ou ficar esperando as coisas caírem do céu”, lembra Jeane.

Reativação

O Programa de Distribuição de Alevinos foi reativado em abril, após a conclusão do processo de absorção da antiga Secretaria de Estado da Aquicultura e Pesca e pela Seagri.

Com isso, foi possível reabrir os núcleos de Produção de Alevinos instalados no município de Piranhas – que foi integrado à estrutura administrativa do Centro Xingó de Convivência com o Semiárido –, e no Centro de Ciências Agrárias (Ceca) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em Rio Largo.

Segundo o superintendente de Aquicultura, Manoel Sampaio, cada uma das unidades produz, mensalmente, cerca de 200 mil alevinos. A partir de 2016, a meta da Seagri é distribuir até 2 milhões de alevinos por ano.
 

“A tilápia e o tambaqui são destinados a tanques-redes instalados nos módulos da Seagri no interior do Estado. Os alevinos de curimatã vão para o povoamento de açudes e barreiros em comunidades rurais, assentamentos e fazendas”, diz Sampaio.

De acordo com o secretário de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura, Álvaro Vasconcelos, os núcleos também servem como polos de transmissão de conhecimento.

“Uma das principais funções dessas duas unidades, além da produção em si, é direcionar os alunos de graduação da Ufal para que tenham a aquicultura como uma atividade econômica, que busquem especialização na área e possam promover, em conjunto com o Governo do Estado, o desenvolvimento dessa atividade”, afirma o secretário.

Vertentes

O Programa de Distribuição de Alevinos tem duas vertentes distintas: a social e a econômica. “Nós temos a intenção de incentivar o desenvolvimento da aquicultura e a reposição da fauna de reservatórios de água do Estado. Além disso, com o programa, o Governo promove o acesso da população rural mais necessitada a uma proteína de qualidade, garantindo uma alimentação saudável para essas famílias. Também contribuímos, na etapa de assistência técnica, na capacitação dos produtores”, lembra o secretário Álvaro Vasconcelos.

“A distribuição de alevinos representa a etapa inicial do suporte dado pelo Governo a essas comunidades. Na etapa final, a Seagri promove as feiras, como a Feira do Peixe Vivo, onde as famílias beneficiadas são incentivadas a participar para comercializar esse pescado e aumentar sua renda”, disse o secretário, lembrando as duas edições da Feira do Peixe Vivo realizadas este ano, nos meses de abril e agosto, pela Seagri. Somando as duas edições, foram comercializadas 17 toneladas de peixe.

Solicitações

A distribuição de alevinos é feita mediante solicitação encaminhada à Secretaria da Agricultura.

“Não existe burocracia. Nossa prioridade são os assentamentos da reforma agrária, mas basta a prefeitura, associação, cooperativa ou o proprietário da fazenda comparecer à secretaria e preencher um formulário simples. Enviamos uma equipe para avaliar o espelho d’água, verificar a extensão, profundidade e níveis de oxigênio. Com essas informações, definimos a espécie e a quantidade de alevinos a ser destinada àquela área. Em poucos dias, o povoamento acontece”, explica o superintendente de Aquicultura, Manoel Sampaio.

Até setembro, os municípios alagoanos beneficiados pela distribuição de alevinos foram Junqueiro, Jaramataia, Penedo, Rio Largo, São Miguel dos Campos, Delmiro Gouveia, Viçosa, Traipu, Coruripe, São Brás, Arapiraca, Pão de Açúcar, Boca da Mata, Anadia, Mar Vermelho, Jequiá, Igreja Nova, União dos Palmares, Limoeiro de Anadia, Campo Alegre, Satuba, Viçosa, Ibateguara, Água Branca, Branquinha, Cajueiro, Messias, Teotônio Vilela, Barra de Santo Antônio, Chã Preta, Joaquim Gomes, Jundiá, Colônia Leopoldina, São Luiz do Quitunde, Quebrangulo, Carneiros, Matriz do Camaragibe, Piaçabuçu, Fleixeiras e Poço das Trincheiras.
 
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