'Ideologia de gênero' na Educação é marcada por gritos e movimentos sociais na Câmara

Por Redação com Agências 04/09/2015 16h04
Por Redação com Agências 04/09/2015 16h04
'Ideologia de gênero' na Educação é marcada por gritos e movimentos sociais na Câmara
Foto: Alagoas24horas
O tema "Ideologia de Gênero" gerou inúmeras discussões em uma audiência na manhã desta sexta-feira (4), na Câmara de Vereadores de Maceió. Estudantes, grupos de direitos dos homossexuais, religiosos, educadores e psicólogos marcaram presença no debate que deveria ser qualificado, mas que ficou polarizado entre opiniões contrárias e favoráveis a cartilha.

A audiência foi solicitada pela Secretaria Municipal de Educação e pela Comissão composta por 50 profissionais das mais variadas áreas, que se reuniram em 17 audiências para a formatação do plano.

"Essas cartilhas que dizem existir, incentivando o incesto, por exemplo, não existem na nossa rede. Temos materiais que trabalham a prevenção aos abusos sexuais, a doenças. Essas cartilhas podem até existir, pois há a liberação de se escrever o que quiser. Porém, o plano tem uma preocupação maior, que é o analfabetismo, ou seja, as crianças que estão fora da sala de aula. A diversidade nos preocupa também, porque temos uma violência muito grande e precisamos garantir a educação dessas pessoas", explica a secretária da educação, Ana Deyse.

O integrante do Conselho Estadual de Educação Clébio Araújo destacou que o plano foi formatado a partir de 52 cursos de licenciatura na perspectiva do desenvolvimento do Estado. “Defender o plano é defender a igualdade. Nossas escolas precisam compreender a diversidade”, avalia Clébio Araújo.
Por sua vez, o representante do Movimento "Alagoas contra a Ideologia de Gênero", Leonardo Dias, relatou que já houve avanços com relação ao plano educacional e o principal objetivo é proteger a moral da família.

“Viemos hoje tratar da questão de gênero. A secretaria até já evoluiu, suprimiu a questão do gênero em quase todo o plano, restando apenas alguns resquícios. Mas, devido à determinação do MEC [Ministério da Educação], que está implementando isso à revelia da Câmara, algumas coisas foram mantidas. Precisamos avançar ainda mais para proteger nossas crianças. Nossa maior preocupação é que o plano dissemine uma ideia que não é comprovada cientificamente e que vai contra a moral da família".

Empunhando cartazes e gritos de guerra, as intervenções da assembleia foram tão ‘efusivas’ que levaram o presidente da Casa, Kelman Vieira (PMDB), a exigir ordem e ameaçar suspender a audiência pública e convocar uma plenária para definir sobre a implementação do plano.

O presidente do Grupo Gay de Alagoas (GGAL), Nildo Correia, rebateu a fala do militante ao desmenti-lo, informando que o plano não foi alterado nesse sentido. O que foi feito, segundo Nildo, é esclarecer o que é o gênero, pois o Movimento não defende a ideologia, mas a igualdade de gênero.

"Igualdade é diferente de ideologia, e o que defendemos é a igualdade. Não aconteceu isso de suprimir gênero. O que houve foi a desmistificação, explicando do que se trata o gênero e que ele não é isso que está sendo satanizado por aí. Estávamos quietos até o momento em que a Câmara deixou de ser laica quando começamos a nos manifestar. O estado é laico e as pessoas têm o direito de ser educadas sem a interferência da religião. Não podemos querer que a vida delas seja regida pela bíblia; para isso, existe a Constituição", pontuou Nildo.

A polêmica, mais uma vez, girou sobre a temática da ideologia de gênero. Aqueles que se posicionaram em contrário afirmam que o plano introduz noções de sexualidade muito cedo. Entre os pontos questionados pelos que se posicionam em contrário também estão a questão do nome social, a distinção entre gênero, sexo e opção sexual, entre outros aspectos. Entre os que se manifestaram estão religiosos ligados à Pastoral da Família da Igreja Católica, psicólogos, Associações de Pais e Alunos, entre outros.

Pela defesa do Plano, que deve impactar toda a rede de ensino, a Secretaria Municipal de Educação, além de psicólogos, grupos ligados ao Movimento LGBT, estudantes e também professores. Para os favoráveis, o Plano implementa uma política inclusiva e direitos assegurados pela Constituição Federal.

Os militantes ocuparam o plenário da Câmara de Vereadores, além da rua que dá acesso à Praça Deodoro, onde um telão foi montado para transmitir a sessão pública, fechando a localidade.