Testemunha ocular revela detalhes de descarte de animais no Neafa

Por Gazetaweb 13/02/2015 11h11
Por Gazetaweb 13/02/2015 11h11
Testemunha ocular revela detalhes de descarte de animais no Neafa
Foto: Divulgação
Uma testemunha ocular, interrogada ontem, oficialmente, pelo promotor de Justiça Flávio Gomes da Costa, fez novas revelações contra os procedimentos adotados pelo Núcleo de Educação Ambiental Francisco de Assis (Neafa). Segundo ela, a entidade enterra os animais mortos em um terreno baldio, vizinho à sede, no Farol. O enterro custa entre R$ 15 e R$ 20, a depender do tamanho do bicho.

A depoente reafirmou as acusações contra Erivaldo, um funcionário afastado, e revelou que ele agia com a cumplicidade da coordenadora do Neafa, Pallova Costa. Os dois seriam os responsáveis, de acordo com ela, por adotar a política do descarte de animais visando sempre a redução de custos.

A ex-funcionária trabalhou no Neafa na atual gestão e, diante do promotor Flávio Gomes, revelou que viu, inúmeras vezes, Erivaldo escolher animais idosos, com deficiência e doenças graves para o descarte. Eles eram abandonados no lixo, na região do Mercado da Produção, na orla marítima e na Praça Gonçalves Lêdo, no Farol. Ainda conforme a nova denúncia, o funcionário era acostumado a 'dar sumiço' nos cães e gatos que eram deixados à porta da entidade.

"Como ele (o Erivaldo) era o primeiro a chegar ao Neafa, muitas vezes presenciei ele soltando a coleira e deixando os animais irem embora. Quando um animal doente era deixado para tratamento e o dono não aparecia, os funcionários eram coagidos a levar o bicho para casa. Caso contrário, havia a ameaça, da Pallova, para que o Erivaldo fizesse o descarte", conta.

A ex-funcionária relatou que levou muitos animais para casa, a fim de evitar que eles fossem abandonados. "Dois deles chegaram semana passada, depois que fiquei sabendo que o Erivaldo iria jogá-los fora", expressou.

Segundo ela, ao longo do último ano, houve uma drástica redução dos animais dentro do Neafa e o principal fator não era a realização das feiras de adoção, mas a matança, por meio da eutanásia, e o abandono. As duas práticas seriam de conhecimento de todos os colaboradores da entidade e, de acordo com a testemunha, muitos podem não confirmar as denúncias por receio de perder o emprego ou sofrer outros tipos de represálias.

No depoimento, ela negou que o cão apelidado de Príncipe, citado na entrevista coletiva concedida pelos diretores do Neafa, foi eutanasiado por sua saúde estar comprometida. O animal não podia andar, segundo ela, porém tinha pretendentes para adoção. Mesmo assim, a testemunha acusou Pallova e Erivaldo de ordenar o sacrifício.

Promotor cobra apuração de fatos

Além do cão Príncipe, a ex-funcionária denunciou que outro animal, da raça poodle, também foi sacrificado. O animal foi abandonado recentemente no Neafa. "Muitas vezes a Pallova determinou que eu fizesse a eutanásia, mas eu sempre me opus". A ex-funcionária acusou a coordenadora, ainda, de atender de graça somente "seus conhecidos". Agora, segundo ela, todos os serviços são cobrados.

Sobre o envenenamento de animais, ocorrido no fim do ano passado, a ex-funcionária diz não saber o autor, mas suspeita que o fato deve ter sido cometido por integrantes do próprio Neafa, por causa do histórico vivenciado por ela.

As revelações chocaram os integrantes da Comissão do Meio Ambiente e Bem-Estar Animal da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL). Três advogados que integram a comissão acompanharam o depoimento. Eles foram procurados pela testemunha e a levaram até o MP para formalizar a denúncia. "As declarações reafirmam o que já estava sendo denunciado à Comissão e ao MP. E reforçam que são atitudes monstruosas, que precisam ser investigadas e os autores punidos", afirma o vice-presidente da Comissão, Benildo Gomes.

O promotor Flávio Gomes avalia que o depoimento mostra o relato de alguém que diz que presenciou as supostas irregularidades. Informou que vai remeter o termo de declaração ao delegado do 11º Distrito Policial, Gustavo Pires de Carvalho, cobrando apuração dos fatos. O representante do MP quer saber se o local para o sepultamento dos animais funciona com a devida licença ambiental, requerida pelos órgãos competentes.

Ainda conforme o promotor, a testemunha reafirma que o Neafa adotou a política de redução de despesas e que, para tal feito, precisou fazer o descarte dos animais, já que, por meio das feiras de adoções, não conseguiu.

A reportagem manteve contato com a coordenadora do Neafa, Pallova Costa. Ela não quis dar declarações sobre as novas denúncias e que, por orientação da diretoria, só haverá novo posicionamento após o fim do inquérito. 


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