Com 'card de UFC', Bitetti Combat 4 explodiu o Maracanãzinho em 2009

Por Globo Esporte com Globo Esporte 20/10/2014 10h10
Por Globo Esporte com Globo Esporte 20/10/2014 10h10
Com 'card de UFC', Bitetti Combat 4 explodiu o Maracanãzinho em 2009
Pedro Rizzo tem braço erguido após vencer Jeff Monson novamente - Foto: Marcelo Alonso
De um lado, José Aldo, Glover Teixeira, Fábio Maldonado, Lucas Mineiro, Carlos Diego Ferreira, William Patolino, Yan Cabral, Felipe Sertanejo, Gilbert Durinho... Do outro, um repeteco de Glover e Maldonado, mais Ricardo Arona, Paulão Filho, Pedro Rizzo, Murilo Ninja, Miltinho Vieira, Luiz Besouro, Vitor Miranda... Se você tivesse que escolher um time, qual dos dois seria? O primeiro lista os principais nomes brasileiros que estão no card do UFC Rio 5, marcado para este sábado, no Maracanãzinho. O segundo tem as estrelas do Bitetti Combat 4, último evento de artes marciais mistas realizado no tradicional ginásio carioca.

O dia 12 de setembro de 2009, quase dois anos antes do "boom" do UFC no Brasil, foi considerado um marco para o MMA do país. Naquela época quase ninguém imaginava que o esporte alcançaria o status que alcançou, e o estrelado Bitetti Combat 4 acabou passando despercebido por muita gente. Mas não pelas quase 7 mil pessoas que estiveram por lá e viram um grande show. Aquele card, de fato, foi superior à grande maioria dos eventos do Ultimate realizados em solo verde-amarelo recentemente.

- Na verdade, o card do Bitetti 4 é melhor que o desse UFC Rio. Pode fazer uma pesquisa. Na minha opinião, o melhor é o do Bitetti. Sou suspeito para falar porque eu sou o Bitetti (risos). Eu acho o UFC campeão, é a Copa do Mundo, mas nesse evento o Bitetti superou - brincou Amaury Bitetti, ex-lutador e dono do evento.

Ricardo Arona fez a luta principal, retornando após mais de dois anos parado, e derrotou Marvin Eastman por decisão unânime dos jurados - lesionado, ele não compete desde então. Paulão Filho bateu Alex Schoenauer também por decisão unânime. Da mesma forma, Pedro Rizzo superou Jeff Monson. Irmão de Maurício Shogun, Murilo Ninja substituiu Rogério Minotouro a poucos dias do evento e nocauteou Alex Stiebling, conhecido como "The Brazilian Killa" (em português: O Matador de Brasileiros). Miltinho Vieira venceu Luciano Azevedo, o único lutador a ter derrotado José Aldo até hoje, por decisão dividida. Fábio Maldonado bateu Vitor Miranda em grande combate. Glover Teixeira finalizou Leonardo Chocolate. Luiz Besouro nocauteou Henrique Chocolate. E por aí vai. Rizzo, por exemplo, tem a mesma opinião de Amaury Bitetti:

- Fico lisonjeado, mas também acho que era melhor (risos). Vou puxar para o meu lado. Tirando Glover x Phil Davis e Aldo x Chad Mendes, aquelas lutas foram melhores mesmo. E sou um cara tão sortudo que vou estar no córner nessas duas melhores lutas, com o Glover e o Aldo. De qualquer forma, estou fazendo parte da história das melhores lutas do Maracanãzinho. Em matéria de nomes conhecidos no Brasil, que fizeram história no MMA na época do Pride e na minha época do UFC, com certeza o card foi melhor do que o que está hoje no UFC. O UFC está com muitas lutadores e muitos eventos, então não dá para botar todos os bons num card só. Não podem queimar todas as fichas num evento só. Aquele não, aquele foi um Bitetti, e o cara podia queimar todas as fichas de uma vez. Acho que é por isso.

Um dos integrantes do card, Miltinho Vieira convidou alguns amigos famosos que marcaram presença no evento: Luciano Huck, Angélica, Sérgio Mallandro, entre outros. Os lutadores Anderson Silva e Rodrigo Minotauro também compareceram, assim como o primo de Ricardo Arona, André Marques. Arona, por sinal, viveu duas experiências diferentes naquela noite.

- De todas as lutas que fiz, talvez aquela tenha sido a mais especial, porque foi no Brasil. Não pelo adversário, porque tive adversários de muito mais peso e importância. Eu nunca tinha lutado MMA no Brasil. Lutei com meus pais na plateia, meus amigos que nunca poderiam assistir a uma luta no Japão. Senti a vibração do povo ali pertinho da grade, o que foi uma novidade. Até então eu só tinha lutado no ringue do Pride. Aquela foi minha estreia na grade, e me senti muito à vontade. Gostei muito da caldeirão que é o Brasil, muito diferente do que é no Japão e nos EUA.

A brusca mudança de comportamento da torcida em relação ao que estava acostumado, no entanto, não abalou Arona. O ídolo dos tempos de Pride diz que soube administrar a pressão:

- São duas emoções diferentes. No Japão você escutava a respiração do cara, era um silêncio absoluto, mesmo com 80 mil pessoas. Nunca vi. Era bom também lutar naquele silêncio, parecia um treino na academia. No Brasil foi completamente o oposto. Mas aquela pressão que recebi do público, com os amigos e a família gritando, me colocou num nível bom de transe para o combate. Eu estava muito bem. Não me pesou nem me sobrecarregou. Tem gente que recebe essa carga e dá uma tremida. No meu caso foi tudo positivo. Cada grito que eu recebia era uma injeção de ânimo. Gostei de lutar naquele calor ali.

Os árbitros do evento também eram figuras notáveis do MMA: Big John McCarthy, Renzo Gracie e Roan Jucão. E Aline Riscado, que depois ficou conhecida por seu trabalho como bailarina do Faustão, atuou como ring girl. Com tanta pompa, os gastos inevitavelmente foram altos. E Amaury Bitetti conta que saiu num grande prejuízo. Mas não se arrepende:

- Eu dei bônus para os lutadores. O Paulão ganhou, Arona ganhou, Pedro Rizzo ganhou, uma galera ganhou bônus bons, de R$ 50 mil. Não lembro todos que ganharam, mas uma galera ganhou. Só no evento eu gastei R$ 2 milhões sem retorno nenhum. Perdi uma casa para fazer o evento. Pesado. E o Bitetti está aí até hoje. Agora não perco mais casa, vamos recuperando (risos).

Miltinho exalta a importância do Bitetti Combat 4 na história do MMA nacional e diz que aquela experiência o ajudou muito a se adaptar de forma mais tranquila ao UFC:

- Acho que foi um evento muito bom para o MMA. Esse evento abriu portas para o MMA ser visto por outras pessoas, por um grupo diferenciado, e não só pelo grupo que é apaixonado pelo esporte. Foi um evento emocionante. Um passo gigante. Na época eu e Luciano (Azevedo) estávamos na ponta do circuito nacional e travamos uma batalha muito bonita. Tenho boas lembranças, a torcida toda gritando os nomes. Tive essa oportunidade depois no UFC, mas eu já tinha sentido o gostinho de lutar para muita gente dentro de casa.

Quatro lutadores do Bitetti Combat 4 estão no UFC atualmente. E dois deles estarão de volta ao Maracanãzinho neste sábado: Glover Teixeira, que encara Phil Davis, e Fábio Maldonado, que pega Hans Stringer. Os outros dois são Vitor Miranda, que tem duelo marcado contra Jake Collier para 20 de dezembro, em Barueri-SP, e Luiz Besouro, que se recupera de problemas físicos. Glover comentou a sensação de voltar ao ginásio:

- Lutar no Maracanãzinho de novo vai ser bom. Foi lá que fiz minha primeira luta no Brasil e estou muito empolgado para lutar lá outra vez. O Maracanãzinho é uma arena e tanto. Eu gostei e vou me sentir mais em casa.

Maldonado e Vitor Miranda, que promoveram uma batalha naquele 12 de setembro, viraram amigos depois da luta, principalmente quando foram treinar juntos na Team Nogueira. O "Caipira de Aço" ficou impressionado com a estrutura do Bitetti Combat:

- Esse evento do Bitetti foi um show. Tirando os eventos do UFC, foi o maior evento que vi sendo feito no Brasil. As lutas foram bem casadas. Lutou muita gente boa. Fiz uma luta dura, e muita gente lembra dela até hoje. Foi muito bacana. Tenho que agradecer ao Amaury Bitetti até hoje por ter promovido aquele evento.

Vitor, por sua vez, acha que o duelo contra Maldonado foi determinante para o prosseguimento de sua carreira:
- Lembro bem dessa luta. Foi a partir dela que comecei a ficar conhecido como lutador de MMA. Foi um marco na minha carreira. Até hoje ela é muito bem falada.

Independentemente das estrelas, a expectativa do público é que o show de 12 de setembro de 2009 se repita no próximo sábado. A tarefa cabe a José Aldo, Glover Teixeira e cia.. O UFC Rio 5 será realizado a partir das 19h (de Brasília), com transmissão ao vivo do Combate e acompanhamento em Tempo Real do Combate.com. Na sexta-feira, canal e site transmitem a pesagem oficial do evento, às 16h.

Relembre todos os resultados do Bitetti Combat 4:

Ricardo Arona venceu Marvin Eastman por decisão unânime dos jurados
Paulão Filho venceu Alex Schoenauer por decisão unânime dos jurados
Pedro Rizzo venceu Jeff Monson por decisão unânime dos jurados
Murilo Ninja venceu Alex Stiebling por nocaute técnico aos 39s do round 1
Miltinho Vieira venceu Luciano Azevedo por decisão dividida dos jurados
Fábio Maldonado venceu Vitor Miranda por decisão unânime dos jurados
Glover Teixeira venceu Leonardo Chocolate por finalização aos 3m11s do round 1
Luiz Besouro venceu Henrique Chocolate por nocaute técnico aos 3m49s do round 1
Cassiano Tytschyo venceu Fausto Black por finalização a 1m29s do round 1
Alexandre Pulga venceu Luciano Izzy por decisão unânime dos jurados 


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