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Conheço bem o meu lugar!

13/07/2017 13h01
13/07/2017 13h01
Conheço bem o meu lugar!
    Após três dias de trabalho no sertão, paradoxalmente verde, volto para casa, um breve descanso. Como bom brasileiro, insistimos em valorizar nossos gênios somente depois de mortos, decidi que agora gosto muito de Belchior. E suas letras fortes sucederam-se e repetiram-se até a minha em chegada em casa.

    Ouvindo “Conheço meu lugar” refletia sobre como essa crítica a malfadada Ditadura Cívico-Militar continua atual. Nessa enxurrada de fatos vergonhosos o que podemos fazer? Nós cidadãos comuns... Sangrar? Até quando?

    Com tanta saúde e juventude, será que estou sozinho com esse sentimento de incapacidade diante de um noticiário de terror? Resta-nos apenas a opção de gritar? Se já não há mais ditadura, há o conluio econômico-político que parece nos tirar todas as opções de fazer algo de bom por esta nossa terra. A impressão de que não há mais jeito insiste em me perseguir...

    São histórias porcas que se repetem, olhemos nós para o presente, passado ou futuro. Os cães da rua, aqueles que nos tratam aos pontapés, hoje vestem caros e importados ternos, gravatas alinhadas, discurso bonito, mas nem um pouco coerente!

    E o que nós podemos fazer, meros mortais? Com a reforma que moderniza, mas traveste a precarização e o subemprego? Com um nordeste outra vez cheio de pedintes, famintos e desempregados? Com um “sistema democrático” que esmaga nossas vontades em favor dos interesses do Mercado, Investidores, K, ou sei lá o que que você queira denominar? Com nossa insistência doentia em depositar esperanças em pessoas, que por não serem heróis volta e meia tornam a nos decepcionar?

    Talvez não exista exploração do trabalho no Brasil.

    Capitalismo de compadres e presidencialismo de coalizão, corrupção do litoral ao sertão, da pequena à grande, aqui nunca houve.

    No Nordeste ninguém sofre com a falta de escolas, universidades e oportunidades.

    Sede? Não aqui.

    Guerra diária com milhares de mortes de policiais, marginalizados e inocentes? É tudo ficção, conheço bem o meu lugar!