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Quantos sapos você engole diariamente?

26/08/2014 12h12
26/08/2014 12h12
Quantos sapos você engole diariamente?
          “Quando falam de Ana, os primeiros adjetivos que surgem é: quieta, reservada, tranquila e/ou calma. Ela sempre foi uma aluna tão inteligente que fazia os trabalhos em grupo sozinha e colocava o nome da equipe, sempre foi tão apaixonada que passava por cima de suas vontades para realizar os gostos de seus namorados, sempre foi tão boa que ouviu seus pais a ponto de realizar os sonhos deles e não os seus. A verdade é que o tempo tem passado e Ana se sentindo cada vez mais para baixo, cansada de nunca ter seus desejos e vontades realizadas. Ana hoje está com sua autoestima completamente abalada.”

 

A história de Ana contada acima é fictícia, assim como sua personagem principal. No entanto, essa não é uma história que se passa apenas na ficção. É muito comum pessoas que, desde crianças, não tem voz ativa e não conseguem impor suas vontades e anseios, permitindo que os outros tomem decisões em seu nome. Esse tipo de comportamento é denominado pela análise do comportamento como comportamento passivo ou não-assertivo, e aquele que o desenvolve torna a arte de “engolir sapos” uma prática constante.

Para ficar mais claro vou ilustrar um exemplo da vida de Ana. Certa vez Ana foi almoçar em um restaurante. Fez seu pedido e quando seu prato chegou ele estava realmente apetitoso, no entanto, ainda nas primeiras garfadas, ela percebeu que havia um cabelo em sua comida. Diante de tal situação Ana poderia ter três reações diferentes: a primeira dela era ser agressiva com o garçom e falar em alto e bom som para que todo restaurante ouvisse que naquele prato tinha cabelo e exigir um prato novo; a segunda era ser passiva ou não-assertiva fingindo que não viu aquele cabelo, pagar a conta e simplesmente ir embora sem dizer nada e com fome; e a terceira e última reação seria agir de modo assertivo, chamando o garçom até sua mesa, contar calmamente o ocorrido e pedir que lhe traga um novo prato. Alguém adivinha qual foi o comportamento adotado por Ana? Claro, o comportamento passivo, saindo do restaurante com fome e frustrada.

Como citado acima, esses são os três tipos de comportamento existentes de acordo com a leitura comportamental. Mas nesse texto vamos nos deter ao comportamento passivo, que pode começar a ser modelado ainda na infância, quando comportamentos desejáveis são constantemente reforçados, seja em casa pelos pais ou na escola. Como o exemplo de Ana, ela foi reforçada por seus pais por “se comportar bem”, assim como por seus namorados e colegas de trabalho. Porém, o que a princípio gerava simpatia por parte dos emissores, a longo prazo pode ter gerado também desprezo, de modo que as pessoas passaram a não valorizar as vontades de Ana. Ou seja, Ana se prejudicou por sua autodesvalorização.

Uma boa forma de saber se você age como uma pessoa não-assertiva é fazendo uma análise de sua própria vida com perguntas tais como: eu ocupo hoje a posição que almejei? O meu relacionamento amoro é saudável a ponto de ambos terem suas necessidades satisfeitas? Constantemente eu faço coisas que depois fico me perguntando porque as fiz? Meus amigos me colocam numa posição de igualdade diante de tomada de decisões? Eu sou realmente bonzinho como as pessoas falam ou ultimamente tenho me sentido um tolo? Essas e outras perguntas podem funcionar como um ótimo termômetro para avaliar se você anda engolindo mais sapos do que deveria.

Se após avaliação você se percebe como uma pessoa não-assertiva ou passiva não se desespere, pois isso não significa que você está condenado a agir passivamente por toda sua vida. Assim como ao longo do tempo, diante das contingências ambientais, você aprendeu a agir de forma não-assertiva, a partir de um bom treinamento de aquisição de novas habilidades com um psicólogo comportamental você pode aprender a agir de forma assertiva.

Portanto, se você se identificou com esse texto, busque ajuda profissional, pois através  dela você pode passar a falar ou agir de acordo com sua vontade, sem prejudicar os outros e, principalmente, sem ter sido prejudicado. Ou seja, “não violo os direitos alheios ao mesmo passo em que não permito que violem os meus”.

 

 


Renata Lopes Santos
Psicóloga Clínica Comportamental
CRP 15/3296

 

 

 

Além da Caixa

O Além da Caixa é um espaço para a discussão dos mais diversificados temas sob a ótica da psicologia do comportamento. De maneira direta e com uma linguagem clara falaremos ao público em geral, mas sem destoar dos princípios da Psicologia Científica.
Seus responsáveis são os psicólogos comportamentais Cinthia Ferreira CRP 15/3287, Jacinto Neto CRP 15/3274, Jackelline Lima CRP 15/3275 e Renata Lopes CRP 15/3296, graduados em Psicologia pela Universidade Federal de Alagoas e pós graduação em Análise do Comportamento.
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